Nem seria preciso dizer, o quanto é bom ouvir história contada pela mãe da gente. Lá na infância, ao pé da cama antes de dormir. Aquela época já o era. O tempo passou, eis que sentados lado a lado. Adulto no limiar da senilidade com muita serenidade. Outras histórias vir contar, não mais de trancoso, agora reais. Ainda mais prazerosas de ouvir. Olhando pra uma nesga de céu azul, através de uma área verde, que alumiava a sala de janta. Ela quis saber se já estávamos na quaresma. Confirmamos.
E passou a relatar o que contamos. Quando era menina, minha mãe sempre ia passar a quaresma no sítio. Alguns gêneros de primeira necessidade eram providenciados. Por volta de quarenta dias, a família ia pra velha casinha do Sítio Capim. Longe da cidade, iam pro retiro até que viesse a páscoa. Retornariam na semana Santa para acompanhar os ritos litúrgicos da igreja, a procissão do Senhor Morto, o santo Ofício com a Ladainha, a Missa do Lava-pés, a Via Sacra, a vigília do sábado da Aleluia. Os fiéis vivenciariam os sacramentos da Confissão, e da Penitência: do jejum, da oração, da caridade. A cor roxa no altar, nos paramentos do sacerdote, as imagens cobertas, tudo para lembrar o luto. Padre Moisés nos seus sermões lembraria aos fiéis que era tempo de renunciar a velhos hábitos. Diria pro sertanejo que a paixão, de nosso Senhor Jesus Cristo, significava tempo de renúncia. Tempo de pensar no sofrimento do redentor. Que tudo fez por nossa causa.
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