O Crime de TagorFashall – A Redenção (3ª Parte)

22 junho 2015


Ilustração: Fábio Campos

Ilustração: Fábio Campos

Um ser incrivelmente grande,e perigosamente destruidor, vinha vindo naquela direção. Eo menino Marcos, do nada surgido, no meio da floresta. De repente, um gato siamês passou correndo. Aquele gatoera Derick! Tinha certeza! Pela tonalidade do peloo reconheceu. A ponta das patas o focinho queimado. Debaixo do solàquela hora do dia. Ainda mais bela eacinzentada ficava sua pelagem. Gatos que já havia morrido, a sair correndo do meio da selva. Fugindo de algo que trazia medo. Normalmente isso só aconteciaem sonho. Certeza teve que sonhava.

A vila, e suas casas caiadas de branco. Aqui acolá, uma casa de outra cor. Azuis azulejados. Amarelos alaranjados, duramente de sol azougados. As ruaslargueadas, tão espaçosas a ponto de tornar nanico tudo que ficava do outro lado. E acabavam levando tudo pra outros tempos. Um tempo em que o estilo de vida era chamado de colonial, e os modos do povo, feudal. Homens carreando carros de boi. Deles que açoitavam tão violentamente os pobres animais que os patrulheirosda guarda florestal intervinham, e coibiam severamente os excessos. A roda de pau e ferro, cantadeira, ia carimbando o barro batido. Enfeitando o chão com o par de fitasmacarroneando a estrada. Entremeadas de conchinhas dos cascos bipartidos. E se esticando, esticando, pra onde só-quem-sabe-é-deus. Charretes puxadas à mula levavam e traziam senhores edamas belamente trajados. Elas,em vestidos de muitos laços, anáguas e babados. Eles, de ternos, gravatas borboletas, cartolas cobrindo longas madeixas. Lenços em tons pastéis, no bolso do peito. Bengalas nas mãos de luvas, e as pedras dos broches na lapelaflamejanteferiamos olhos dos passantes, as lentes dos óculos do barão. O brasão em latão, no alto do prédio do governo municipal. Os estribos da carruagem apoio pras botas lustrosas, dos sapatinhos forrados de fitilhos e sianinhas. Aodescer corriam a se proteger da poeira, da lama,e do sol. Sombreiros atrozmente sérios, armados com gestual excessivamente túrgido de polidez. As montanhas foram pra tão longe que os olhos marejavam de tristeza só de olhar. Pra onde levaram o rio? Lembrou do rio que passava por detrás das casas. Por que o sol mudara o lugar aonde ia se por? Rio temporárionaquele tempo não estava seco porque era inverno. Areal aboletado de cansanção, mancambira, facheiro, maniçoba. Os verdes vistosos mandacarus sabiavam Sabiás Laranjeiras. Colibris borboleteavam doidos pra se deleitar nos peitos cor púrpura. Espinhos longos, pontudos, sangrariam sem nenhum remorso a garganta, de qualquer tiziu, que se aventurasse sugar o néctar dos seus mamilos.

Um condado mexicano, de tanta brancura nas coisas que estavam no chão, ou pairando no ar, no céu azul, nas nuvens. Na taberna que TagorFashall bebeu vinho. No mundo dos sonhos ninguém tinha a menor ideia do que iria acontecer no momento seguinte. Derick era cinza, pertode meio dia ficava azulado, e totalmente negro de noite. Um apartamento cor de rosas vermelhas, encimado num primeiro andar. Em baixo ficava a garagem. Lamparinas pendidas do teto, em silêncio, àquela hora da matina, pra não acordar os pirilampos. Uma escada tão perpendicular, e tantos degraus, que se não tivesse cuidado levava Marcos até o portal que dava acesso a ilha. Para tanto,bastava chegar da escola dormindo. Já havia esquecido porem, ao ver novamente acabava lembrando. Aquela estrada que ninguém sabia de onde vinha, nem até onde ia dar. Aquela estrada que todo dia passava e levava um velho puxando uma mula, igualmente velha. Tinha agora mesmo que recomeçar. Mas por onde mesmo começar? Pelo livro que Antonieta lhe dera. Ele não demoraria a descobrir que aquele não era apenas um livro. Era um livro mágico.A mãe de Derick aproveitou quando Rafael Bertrand montado na sua motocicleta barulhenta entrou na garagem esorrateiramente entrou também. Ninguém sabia mas ela estava prenha e acabou tendo ali sete gatinhos acontece que deixou ali somente dois.

Chiclete e Bola de gude foi os nomes que Marcos colocou nos dos dois gatos naquela manhã antes de partir para a ilha do tesouro. Naquele exato momento Marcoscorreu e alcançou Derick e agora os dois conversavam na entrada da gruta do Santuário. Falavam do trovão e da parede que o grande dinossauro derrubou quando passou. Semelhante a destruição de um rio quando dava uma enchente. Destruiu todo o acampamento dos amotinados. MorionLucindo voltou pra vila, ÉmilePassion ao vê-lo desmaiou, seu velho pai voltara da terra dos mortos. Os aldeões iam na oficina só pra ver com seus próprios olhos. Morion somente na aparência parecia o mesmo, porque no agir era totalmente outra pessoa. Sobre o mundo dos mortos contou uma história:

O Grande Dinossauro atendendo um chamado dos alienígenas foi pras profundas da gruta para abrir com sua força um buraco até a sala do tesouro. Pra chegar até lá Arrastou o acampamento, destruiu tudo que via pela frente. Acontece que o dinossauro acabou encontrando um Quandú gigante hibernando dentro de sua toca. O Quandú acordou furioso e os dois se atracaram foi uma briga feia.

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