Sobre Sérgio Campos

Sérgio Soares de Campos, nasceu em 11 de novembro de 1961, em Santana do Ipanema, Alagoas. Possui crônicas publicadas em sites e livros como: À Sombra do Umbuzeiro e À Sombra do Juazeiro. É membro idealizador e cofundador da Associação Guardiões do Rio Ipanema (Agripa). Criou o projeto musical Canteiro da Cultura, lançado dia 14 de dezembro de 2019.


Saquear caminhão de água… o que mais falta pra chamar sua atenção doutor?

11 outubro 2013


Rapaz, o negócio tá feio pra bandas do sertão alagoano; se é que pode ficar pior. A longa estiagem, associada às constantes danificações das bombas que abastecem as cidades sertanejas, pela Companhia de Abastecimento e Saneamento de Água de Alagoas (Casal), durantes alguns dias levaram moradores de uma comunidade de Santana do Ipanema a uma atitude de extremo desespero.

Munidos de baldes e bacias, homens e mulheres, adultos e adolescentes cercaram um caminhão pipa, que levava água para uma escola da comunidade, que já sofria a falta de água a cerca de três dias, e exigiram que o motorista parasse o veículo e liberasse o “precioso líquido”

Sem outra alternativa, o condutor do caminhão foi obrigado a liberar a água, que em questão se minutos já não tinha um pingo sequer no tanque do veículo.

O chefe da Defesa Civil de Santana do Ipanema, Edmilson Idelbrando “Tuca Maia”, chegou a ir ao local, a fim de acalmar a população, mas quando chegou o veículo já estava vazio.

“Nunca tinha visto tanta gente junta, com baldes e panelas; parecia um formigueiro; de longe quase não se via o carro”, disse Tuca Maia, que ainda afirmou que não tem sido fácil lidar com o problema da falta de água no município; tanto na zona urbana quanto rural.

A estória se transforma em verdade

Esse fato me fez recordar um causo em que os antepassado contam em forma de piada. A realidade é que foi bem parecido com esse episódio ocorrido esta semana.

Conforme a estória (agora tenho minhas dúvidas se realmente não aconteceu) quando começou a chegar os primeiros carros pras bandas da caatinga, uns até corriam com medo sem saber que tipo de “bicho” era aquele. Com o costume perdeu-se o medo e se ficou sabendo como funcionava a tal engrenagem.

Certa feita, um fazendeiro se deslocava da cidade para sua fazenda, em seu Jippe, quando foi surpreendido por alguns sertanejos municiados e foices e facões, que o ordenavam que descesse daquela “coisa”.

Assustado, o proprietário disse que não fizessem nada com ele; que poderiam levar o carro, mas que o deixassem vivo.

– Doutor – disse o líder dos esqueléticos sertanejos – não queremos fazer mal ao senhor, é que soubemos que isso ai carrega algo que estamos a necessitando urgentemente”.

– Pois fiquem à vontade, afirmou o fazendeiro.

Conforme conta a história, os sertanejos abriram o caput o carro e foram direto no radiador, de onde retiram toda a água e saíram em disparada.

Pelo sim pelo não, o sertanejo há anos sobre com a promessa de acabarem com a seca; quando sabemos que os governantes já poderiam, sem muitas delongas, ser verdadeiros e trabalhar na intenção de conviver com ela.

Cisternas, poços artesianos, irrigação e preservação da caatinga já para o sertanejo.

Blog do Sérgio Campos

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