Educação e Segurança unidos podem vencer a violência
1 outubro 2013
Nesta terça-feira (1º) o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL), deverá instalar duas comissões especiais para analisar soluções para o financiamento de medidas de estímulo à Educação e à Segurança.
Apesar de pastas distintas, educação, quando unida à segurança dá um resultado positivo surpreendente. Pena que poucos gestores e gestoras não enxerguem essa positiva parceria.
De acordo com Calheiros, o estudo é importante diante da perspectiva de mais recursos para o setor, graças à decisão do Senado em relação aos royalties do Petróleo, os quais, de acordo com o texto aprovado, 75% que cabe ao governo federal, serão destinados à educação.
Estudos preliminares mostram que o valor pode chegar a R$ 112 bilhões a mais para financiar os setores de educação e saúde, nos próximos dez anos.
Na teoria, isso quer dizer que teremos mais creches, mais escolas de tempo integral, mais escolas de música e dança, maior incentivo ao esporte nas suas várias modalidades, melhores salários e qualificações para os educadores e profissionais em educação, transporte escolar gratuito, mais faculdades, laboratórios equipados e tantos outros benefícios que a educação pode proporcionar as crianças e jovens das periferias abandonadas nas milhares cidades brasileiras.
Em relação à violência, o tráfico de drogas, que leva ao uso indiscriminado de usuários cada vez mais sedento, tem sido uma das maiores causas de mortes prematuras de jovens e crianças; algo comparando a uma hecatombe no planeta.
Em Santana do Ipanema, uma pequena cidade do Sertão nordestino, as mortes causadas por grupos que disputam os pontos pela venda das drogas, tem levado gangues rivais a se digladiarem, com resultados fatais onde parece que nunca acaba de morrer adolescentes, tornando-se assim algo banal para a sociedade, que já nem sabe a quem recorrer.
E pouco, pra não dizer nada, tem sido feito para mudar esse quadro caótico. Onde famílias são destruídas; sejam de usuários, traficantes e até de com pessoas que não estão envolvidas.
Como as soluções por parte dos governos têm sido ineficazes, as soluções, por parte da sociedade, vem em forma de desespero.
Há quem defenda o fim da violência usando a mesma tática; ou seja, o uso da força. Para esses o extermínio indiscriminado seria a solução imediata. Quem nunca ouviu a frase, “bandido bom é bandido morto”?
A pergunta seria: a quem delegar o poder de exercer a Lei de Talião, “Dente por dente, olho por olho”?
Uma prova cabal de que isso não funciona está em uma ação lançada em 1986, em relação ao combate ao tráfico de drogas, pelo presidente da maior potência bélica do planeta. Ronald Reagan, quando tomou por base a ideia defendida por outro presidente norte-americano, Richard Nixon, há quatro décadas, que lançou a chamada “guerra contra as drogas”, baseada na repressão e na perseguição policial e militar.
De acordo com o escritor uruguaio Eduardo Galeano, em seu livro “Os Filhos dos Dias”, em relação a esta atitude de repressão: “A partir de então, aumentaram seus lucros os narcotraficantes e os grandes bancos que lavam seus dinheiros; as drogas, mais concentradas, matam o dobro de gente que antes matavam; a cada semana se inaugura uma nova prisão nos Estados Unidos, porque os drogados se multiplicam na nação que mais drogados tem.” (p.339).
Por tanto está provado que repressão nunca foi a solução para o combate às drogas; prevenção sim.
“Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens.”, Pitágoras.
Tem um ditado popular que diz “Mente vazia, oficina do diabo”.
Será tão difícil imaginar que a frase dita por Pitágoras, há quase 500 anos/a.C. tem um sentido lógico e prático?
Tendo a criança, hoje abandonada em bolsões de miséria, a chance de nos seus primeiros anos de vida frequentar uma creche bem equipada; com educadores qualificados, merenda e material didático de qualidade, onde possa ser bem tratada e praticar os seus primeiros exercícios físicos e mentais, não teria enorme chance de, ao invés de ingressar no mundo das drogas, tomar o rumo da educação, da medicina ou do esporte?
Conforme, nota do Senado, a comissão tem até o dia 16 de dezembro para debater e propor soluções que viabilizem a alocação de mais recursos financeiros para o sistema educacional brasileiro. O grupo está formado por dez senadores, incluindo a presidente e o relator; é esperar e torcer que esses recursos cheguem e sejam realmente aplicados em favor de nossos crianças e jovens.