Dos 102 municípios alagoanos, 66 deles estão na lista do Ministério da Saúde para receber profissionais do programa ‘Mais Médicos’, que foi lançado na segunda-feira (8) pela presidente Dilma Rousseff. Segundo os dados do governo federal, o Brasil possui 1,83 médicos por mil habitantes e o estado de Alagoas, 1,12 profissionais de saúde a cada mil habitantes.

Gráfico do Ministério da Saúde aponta os números de profissionais a cada mil habitantes por estado (Foto: Reprodução / Ministério da Saúde)
No entanto, a gravidade do problema que afeta a saúde do país, penalizando ainda mais a população de estados como Alagoas, é que há municípios em que o percentual de profissionais da área de saúde para atuar na atenção básica é ainda menor. Tanto que na terça-feira (9) uma jovem do município de Passo do Camaragibe morreu por não conseguir atendimento médico. Ela chegou a ser levada para a cidade vizinha, São Luís do Quitunde, mas não resistiu a falta de assistência.
Diante da ausência de médicos no sistema da saúde pública dos municípios alagoanos, a presidente do Colegiado de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas (Cosems/AL), Normanda Santiago, expõe que a situação é mais complicada ainda para os municípios localizados na região do Agreste e Sertão alagoano.
“Um dos grandes problemas da saúde hoje é a falta de profissionais. Muitos médicos não estão dispostos a trabalhar em cidades distantes mesmo recebendo altos salários e incentivos. Com isso, a saúde de muitos municípios alagoanos está comprometida. E sem a atenção básica feita da forma adequada, os hospitais acabam superlotando. É um problema em cadeia e que só se agrava”, expõe.
Ela explica que na região do Alto Sertão alagoano, cidades que ficam a mais de 200 km da capital, há prefeituras pagando entre R$ 12 mil e R$ 18 mil para médicos, mas não há profissionais interessados em ocupar os cargos.
“Não há médicos no mercado para dar suporte a atenção básica. E não faço referência nem aos profissionais de grandes especialidades. Mas sim a clínico geral, pediatra, ginecologistas, obstetras e psiquiatras. O programa ‘Mais Médicos’ do Governo Federal chega diante de uma grande expectativa porque precisamos melhorar a qualidade da saúde prestada a população, assim como o acesso, que vem sendo restrito para quem vive longe da capital”, completou Normanda Santiago.
Além do programa ‘Mais Médicos’, para aumentar a cobertura de profissionais nos municípios brasileiros, gestores da saúde de todo o país estão tentando convencer o governo federal a aumentar o investimento na área com incremento de 10% nos recursos. Para isso, está sendo formatado no país um abaixo-assinado com documentos que serão encaminhados pelos gestores estaduais e municipais para a Câmara Federal, Senado e Presidência da República.
De acordo com o Ministério da Saúde, a lista de cidades prioritárias foi elaborada com base na carência de profissionais de cada município. O ministério alerta que a lista não é definitiva e qualquer cidade pode se candidatar a receber médicos pelo programa.
Em Alagoas foram classificados como prioritários para receberem os profissionais de saúde os municípios de: Água Branca, Anadia, Arapiraca, Boca da Mata, Campo Grande, Canapi, Carneiros, Chã Preta, Coité do Nóia, Colônia Leopoldina, Coruripe, Craíbas, Dois Riachos, Estrela de Alagoas, Feliz Deserto, Flexeiras, Girau do Ponciano, Ibateguara, Igaci, Igreja Nova, Inhapi, Jacuípe, Japaratinga, Jequiá da Praia, Joaquim Gomes, Jundiá, Junqueiro, Lagoa da Canoa, Limoeiro de Anadia, Maceió, Major Isidoro, Maragogi, Maravilha, Mata Grande, Matriz de Camaragibe e Minador do Negrão .
Além dos municípios de Murici, Novo Lino, Olho d’Água das Flores, Olho d’Água Grande, Ouro Branco, Pão de Açúcar, Pariconha, Passo de Camaragibe, Paulo Jacinto, Penedo, Piaçabuçu, Pindoba, Piranhas, Poço das Trincheiras, Porto Real do Colégio, Quebrangulo, Rio Largo, Roteiro, Santana do Ipanema, São Brás, São José da Tapera, São Luís do Quitunde, São Miguel dos Milagres, São Sebastião, Senador Rui Palmeira, Tanque d’Arca, Taquarana, Teotônio Vilela, Traipu e Viçosa.
Mais Médicos
A Medida Provisória do programa Mais Médicos foi publicada na terça-feira (9) no Diário Oficial da União. Na mesma edição, também estão disponíveis os editais com as regras do programa. A expectativa do Ministério da Saúde é que sejam criadas cerca de 10 mil vagas para médicos em regiões carentes, que vão receber bolsa federal de R$ 10 mil. Além disso, o Governo Federal espera criar 4.237 vagas na graduação de medicina e 4.132 vagas para residência médica.
G1