O Ministério Público Estadual conseguiu a condenação de quatro pessoas acusadas do duplo assassinato que vitimou o italiano Nicholas Pignataro e o alagoano Edson da Conceição. O julgamento terminou por volta das 04h30 da manhã desta sexta-feira (14) e, somadas as penas, os réus vão cumprir mais de 100 anos de prisão.
Antônio Nunes da Rocha, acusado de ser o mentor dos assassinatos, foi sentenciado a maior pena: 54 anos e 6 meses de reclusão. Ele também é apontado o líder da organização criminosa especializada em tráfico de drogas. O irmão dele, Edtelmo Nunes, foi condenado a 47 anos e 4 meses de prisão. Edtelmo teria dirigido o carro que levou as vítimas até o terreno, localizado na Barra de São Miguel, onde elas foram mortas. O réu também participou do espancamento contra Nicholas e Edson, antes das execuções. A condenação dos dois foi enquadrada como crime de homicídio qualificado por motivo fútil e com impossibilidade de defesa das vítimas.
José Flávio Nunes dos Santos, apontado como autor material, recebeu condenação de 41 anos. Já Alexandre Moura, que também foi pronunciado pela Justiça como executor, não foi julgado porque recerrou da sentença de pronúncia.
Sirlene da Silva também foi condenada, mas apenas pelo ilícito penal de tráfico de entorpecentes. Apesar de ter sabido da trama para matar as vítimas, o MP entendeu que ela não participou do plano para assassinar Nicholas e Edson.
Sirleide da Silva e Ednélson Nunes da Rocha foram absolvidos a pedido do promotor Magno Alexandre. Ele disse que, durante a instrução criminal, não encontrou provas suficientes para pedir a condenação dos acusados.
“Os assassinatos ocorreram por motivo fútil. As vítimas foram acusadas de ter furtado drogas e dinheiro da residência da ré Sirlene da Silva, mas, nada disso ficou provado. Então, por uma questão banal, sem qualquer significância, o Antônio Nunes orquestrou as mortes apenas por supor que R$ 1,5 mil e 100 gramas de crack haviam sido furtados da sua boca de fumo. E, além da motivação fútil, a quadrilha ainda usou do recurso de dificultar a defesa das vítimas. Conforme se percebe nos depoimentos colhidos, os acusados, que estavam armados, espancaram o Nicholas e o Edson, que estavam desarmadas, para que elas assumissem o furto, levando-as, em seguida, para a localidade denominada de “cavalo russo”, oportunidade em que praticaram os homicídios”, disse o promotor Magno Alexandre Moura.
O julgamento aconteceu entre os dias 11 e 14 deste mês, no fórum Desembargador José Moura Castro, em São Miguel dos Campos, haja vista que os assassinatos aconteceram na Barra de São Miguel, cidade que pertence a comarca daquele município. Ele foi comandado pelo juiz Hélio Pinheiro.
Embaixada italiana
A condenação dos quatro acusados da morte do italiano será comunicada à Embaixada italiana no Brasil. Logo após o resultado da sentença, o promotor Magno Alexandre Moura pediu para que o Juízo enviasse aquele órgão as informações a respeito da decisão final, pedido que foi atendido de imediato.
“Inclusive, através das redes sociais, o pai do Nicholas, o senhor Antônio Pignataro, disse-me que estava confiante em nosso trabalho e parabenizou o Ministério Público pela atuação no caso. Fomos também informados por ele que o Consulado da Itália aprovou uma moção de reconhecimento ao serviço desenvolvido pelo MP de Alagoas. Isso nos alegra e faz com que tenhamos, ainda mais, a sensação do dever cumprido”, declarou o promotor de Justiça.
O caso
Nicholas Pignataro e Edson da Conceição foram sequestrados e mortos a tiros, num canavial na Barra de São Miguel, na noite do dia 17 de maio de 2008. À época, o crime ganhou repercussão por se tratar do assassinato de um turista estrangeiro.
MPE/AL