AVC é a principal causa de atendimento e óbito no Hospital Geral

22 abr 2013 - 14:27


Foto: Carla Cleto

Foto: Carla Cleto

Há quase 20 anos, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) – mais conhecido como derrame – figura como a doença com maior número de atendimentos no Hospital Geral do Estado (HGE). No ano passado, a unidade hospitalar prestou assistência a 1.533 vítimas de AVC e em 2011 foram atendidos 1.023 pacientes.

O diagnóstico precoce e tratamento adequado podem prevenir sequelas graves e permanentes, além de reduzir a mortalidade. No Hospital Geral, a mortalidade por AVC também supera outras doenças, sendo a primeira causa de óbitos desde 1994, seguida de Hemorragia Digestiva Alta (HDA) e pneumonia. Em 2012, o Serviço de Arquivo Médico e Estatístico contabilizou 371 óbitos por acidente vascular cerebral; em 2011 foram 310.

Para assegurar agilidade, precisão e uma assistência ainda mais qualificada, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e o HGE estão unindo esforços para a criação da primeira Unidade de AVC do Estado, que funcionará no próprio hospital e contará com uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neurológica.

“Esse projeto conta com a parceria do Ministério da Saúde, que está nos dando todo o apoio para a implantação desse serviço. Sabemos que o AVC é um sério problema de saúde pública que já se tornou uma epidemia mundial, por isso é de extrema importância que Alagoas esteja no nível de outros estados do Nordeste, a exemplo do Ceará e Rio Grande do Norte, que possuem serviços de referência em AVC”, afirmou Verônica Omena, diretora do HGE.

De acordo com ela, atualmente os pacientes acometidos pela doença são assistidos e acompanhados por uma equipe multiprofissional da Unidade de Neurologia – ala do HGE que conta com 26 leitos especializados. Com a aprovação do projeto para a Unidade de AVC, o Estado terá um aporte de recursos federais que viabilizará equipamentos de última geração e infraestrutura moderna.

“Com certeza, teremos um ganho na qualidade de vida da população. Investir na prevenção e diagnóstico precoce é uma decisão acertada dos gestores públicos, pois permitem diminuir os gastos com longas internações hospitalares, medicamentos de alto custo, benefícios previdenciários e até mesmo aposentadorias em plena fase laboral”, destacou.

Assistência – Dona Maria Rita dos Santos (47 anos) sabe o que representa contar com uma equipe especializada para cuidar de seu caso. Ela sofreu um acidente vascular cerebral nesta semana e recebe assistência na Unidade de Neurologia. O serviço possui atendimento 24h de neurologistas, neurocirurgiões, fisioterapeutas, enfermeiros e técnicos de enfermagem, dentre outros profissionais.

Ela lembra que sentiu um calafrio do lado direito do corpo, seguido por uma dormência, foi socorrida por familiares e levada uma clínica particular. Com os movimentos do braço e perna direitos comprometidos, foi encaminhada para o HGE após seus familiares não perceberem melhora em seu quadro clínico, mas já está em fase de recuperação e consegue movimentar levemente os membros.

Rubia Vitor dos Santos, filha da paciente, descreveu que tudo aconteceu após o almoço de domingo em família. “Estávamos sentadas conversando, de repente mamãe começou a inclinar dizendo não está sentindo seu lado direito. Ficamos assustados, mas, nem percebemos que se tratava de um acidente vascular. Imaginávamos ser um mal estar devido à perda recente de papai, que faleceu há três meses”, contou.

Qualificação – O empenho em promover melhores condições da assistência para casos como o de Maria Rita também vem da própria equipe. Para isso uma equipe de profissionais se reúne quinzenalmente, trabalhando com metas para viabilizar o funcionamento do serviço. Segundo o neurocirurgião Fabrício Avelino, coordenador do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do HGE, a criação de um serviço específico para AVC será uma conquista tanto para os pacientes como para os profissionais que lidam diariamente com as vítimas.

“A ampliação do atendimento na rede do SUS representa reabilitar as pessoas para o convívio em sociedade e o mercado de trabalho. Mais que isso, significa salvar vidas, pois o AVC tem atingido cada vez mais pessoas jovens com estilo de vida não saudável. Adquirir hábitos saudáveis – como a prática de atividade física periódica e não fumar – contribui para retardar doenças crônicas”, recomendou.

Sintomas – O acidente vascular cerebral atinge 16 milhões de pessoas no mundo a cada ano. Destes, seis milhões morrem, representando 38%. O AVC ocorre devido à alteração na circulação cerebral. Em sua forma isquêmica há a obstrução de um vaso sanguíneo cerebral, levando à diminuição da circulação em determinada região do cérebro. Já na hemorrágica, acontece a ruptura de um vaso sanguíneo com sangramento dentro do cérebro. Os principais fatores de risco são a hipertensão, diabetes, colesterol elevado e o fumo.

Os sintomas mais comuns para identificar a doença são a perda de força muscular de um lado do corpo, fala enrolada, desvio da boca para um lado do rosto, sensação de formigamento no braço, dores de cabeça súbita ou intensa, tontura, náusea e vômito.

O acidente vascular cerebral é uma das principais causas de mortes e de sequelas no mundo e no Brasil. Para enfrentar essa epidemia silenciosa, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a adoção de medidas urgentes de prevenção e tratamento da doença, com o objetivo de colocar o tema em destaque na agenda global de saúde.

Por Ascom / HGE

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