AL: Consumo das famílias tem tendência de queda e fecha julho com recuo A perda de postos de trabalho e a manutenção da inflação frearam as expectativas de consumo no primeiro semestre.

Ascom / Fecomércio AL

07 ago 2024 - 11:00


A contração no consumo sinaliza uma reação à queda de 3% no saldo de empregos gerados no Estado
(Foto: Agência CNM de Notícias)

O recente levantamento da pesquisa do Índice de Consumo das Famílias (ICF), realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL), por meio do Instituto Fecomércio AL e em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), confirmou a tendência de queda observada em junho (0,4%) e registrou uma retração -3,8%, em julho. Na comparação anual, a redução ficou em 0,3%.

A contração no consumo sinaliza uma reação à queda de 3% no saldo de empregos gerados no Estado, entre janeiro e maio, segundo dados do CAGED, sendo reforçada pela manutenção da inflação, conforme explica o assessor econômico, Francisco Rosário. “Apesar de maio ter apresentado saldo positivo de empregos, os primeiros meses do ano foram de queda nos postos de trabalho o que, somado às incertezas com a economia brasileira, colocaram um freio nas expectativas de consumo das famílias no primeiro semestre”, afirmou.

A tendência de queda no indicador alagoano vai em movimento contrário ao nacional, o qual vem apresentando relativa estabilidade; comportamento que reforça a instabilidade do consumo local na primeira metade do ano. E, considerando que 70% do trabalho formal no Estado tem renda mensal de até três salários mínimos (s.m.), em média, conforme dados do RAIS, é natural que o indicador seja influenciado pelas condições de consumo das famílias desta faixa de renda.  Além da instabilidade no emprego, alterações nos índices de inflação de alimentos, transporte e moradia afetam as expectativas de consumo.

Consumo por renda

Quando se analisa a evolução do consumo por faixa de renda, se por um lado há uma queda no consumo entre as famílias com renda de até 10 s.m., percebe-se que naquelas com renda maior que 10 s.m. o consumo vem em crescimento desde o mês de fevereiro, quando registrou 135,5 pontos, chegando a 145,5 em julho.

Desde julho do ano passado, a intenção de consumo por renda mantinha um comportamento semelhante na linha tendência: recuavam ou cresciam no mesmo período, guardadas as proporções das faixas financeiras. Porém, a partir de maio deste ano, começou a ser percebido esse descolamento entre o consumo das famílias com menor e maior renda em Alagoas, refletindo a sensibilidade das famílias com menores orçamentos em relação a emprego, renda, inflação (preços) e endividamento (juros).

“Considerando os dados do consumo, os empresários do varejo e de serviços devem fazer uma análise mais detalhada de seu mercado alvo, entender as demandas de seu cliente e no que este cliente está disposto a realmente pagar e se endividar. Ajustar o esforço de vendas para o curto prazo e as estratégias de longo prazo serão cruciais para o sucesso das empresas nesse cenário de instabilidade que está se apresentando pela frente”, orienta o assessor econômico.

Quedas nos subíndices

Dentre os subíndices que compõem o indicador, todos recuaram na comparação mensal, sendo as maiores quedas na perspectiva de consumo (-7,3%) e momento para o consumo de bens duráveis (-9,3%). As menores retrações foram no acesso ao crédito (-0,4%) e na perspectiva profissional (-1,6%). Os outros subíndices são emprego atual (-3,5%), renda atual (-2,7%) e nível de consumo atual (-4,5%).

No tocante ao acesso ao crédito, apesar de ter recuado na variação mensal, na anual aumentou 33%. “No último ano houve aumento na disponibilidade do crédito em Alagoas, apesar de, neste momento, as famílias já estarem no limite de seu endividamento. Essa redução na percepção do acesso ao crédito reflete na percepção do consumo das famílias, demonstrando mais que o alagoano está cauteloso nos gastos atuais e se controlando para o futuro, haja vista o risco de inadimplência”, analisa Rosário.

O economista explica que esta percepção de consumo vinha em contínuo crescimento desde janeiro deste ano, mês em que marcou 75,5 pontos após uma sequência de quedas iniciada em julho de 2023 (97,7 pontos). Chegando ao melhor desempenho de 2024 em junho, com 102,4 pontos, o subindicador caiu para 94,9 pontos em julho.

O varejo e o Dia dos Pais

O varejo é um setor que depende do salário do trabalhador e opera com expectativas de curto e médio prazo para ajuste dos estoques das empresas. Na avaliação do Instituto Fecomércio, o cenário que está se construindo para esse início do segundo semestre demonstra a expansão do crédito, o aumento da massa de rendimentos (13% no primeiro trimestre de 2024) e de pessoal ocupado no primeiro trimestre deste ano (1.170 frente aos 1.143 do primeiro trimestre de 2023), fatores que ao lado da estabilização da inflação podem sustentar o crescimento setorial.

Mesmo com as melhorias econômicas quando se compara o primeiro semestre de 2024 com o mesmo período de 2023, as pesquisas de endividamento e inadimplências e a de consumo das famílias recentes apontam um consumidor não otimista, uma vez que houve o aumento do endividamento. Ainda assim, como o Dia dos Pais é uma data festiva, espera-se que haja potencial para um crescimento nas vendas do varejo, ficando a depender das estratégias de preços e facilitação de crédito que serão utilizadas pelas empresas.

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