O policial militar aposentado Aldo Gomes da Silva foi condenado a 21 anos, 10 meses e 15 dias de prisão pelo crime de homicídio, duplamente qualificado, do seu próprio sobrinho, Ramon da Silva Wanderley, 33, assassinado a tiros na noite de 25 de junho de 2020, na Rua Santa Sofia, bairro Camoxinga, em Santana do Ipanema, município do Médio Sertão de Alagoas.
O Tribunal do Júri decidiu o destino do réu durante todo o dia desta quarta-feira (13), no plenário da Câmara de Vereadores da cidade. O Conselho de Sentença, ao responder os quesitos, decidiu por maioria de votos (foram abertos 4 dos 7 votos) reconhecer a materialidade do crime. A defesa do policial sustentou as teses de ausência de prova técnica de confrontação balística e a legítima defesa.
Além de negar a absolvição do réu, o Júri acatou as qualificadoras do motivo torpe e do recurso que impossibilitou a defesa da vítima (por isso homicídio duplamente qualificado).
Segundo a sentença proferida e já publicada no site do Tribunal de Justiça, Aldo Gomes da Silva deverá iniciar o cumprimento da pena privativa de liberdade em regime fechado. O magistrado negou a possibilidade do réu recorrer em liberdade. O acusado saiu do Tribunal do Júri preso provisoriamente (porque a sentença ainda não transitou em julgado).
O site Alagoas na Net contatou a defesa do policial, realizada através do advogado Luiz Tenório, que afirmou que irá recorrer da sentença. “A defesa entende que os jurados julgaram de forma contrária as provas dos autos, além de que, houve apresentação de documentos fora do prazo”, explicou o defensor.
A reportagem também falou com a viúva da vítima. Por telefone a professora Elane Cristina declarou que há quase quatro anos esperava por Justiça na morte do seu marido, e isso foi feito neste dia. A docente fez questão de ressaltar o papel do Ministério Público e dos advogados de defesa, que levaram a realidade do caso no plenário do Tribunal.
“Passei muito tempo vendo aquele que tirou a vida de um pai de família em liberdade, sem responder por seus atos. Sinto agora um pouco de alívio, pois sei que os jurados tomaram a decisão mais correta e mostraram que um crime tão bárbaro não poderia ficar impune”, disse ela.
Relembre o crime
Segundo investigação do inquérito da Polícia Civil, comandado pelo delegado Hugo Leonardo, o crime aconteceu a partir de uma discussão entre autor e vítima. O site Alagoas na Net conversou naquela oportunidade com a autoridade policial sobre o caso, RELEMBRE AQUI.
“As testemunhas que ouvimos afirmam que viram uma briga entre autor e vítima, mas não souberam dizer quem teria começado. O militar afirma que assim que chegou no local foi agredido pelo sobrinho, mas as declarações que colhemos não provam isso. O fato é que ele puxou a arma da cintura e atirou contra a vítima”, disse o delegado à época do crime.
Depoimento da viúva
Onze dias após o crime, a professora Elane Cristina, viúva de Ramon conversou com exclusividade com a reportagem. Ao lado da sogra, irmã do acusado, a servidora pública estava muito emocionada, mas não se furtou de rememorar cada minuto do dia crime, que ceifou a vida do seu companheiro.
A entrevistada ficou ainda mais comovida quando recordou como era bonita a relação da filha, a menina Rayra, com o seu pai e também relatou o exato instante em que teve que contar a notícia sobre a partida do seu genitor.
“Quando tive que contar a ela sobre o ocorrido, que o pai dela agora morava no céu, deu pra ver em seu rosto, como ela ficou abalada, mas do jeito dela, retraída. Ainda hoje ela foi na porta, dizendo que vai ver o pai no céu. É muito doloroso ver essa cena. O tio do Ramon acabou com uma família”, desabafou.
RELEMBRE AQUI, todo o depoimento da professora Elane Cristina.