O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou, nesta sexta-feira (23), as características dos domicílios visitados durante o Censo Demográfico 2022. As informações trazem o cenário dos tipos de domicílio, abastecimento de água, canalização, esgotamento, existência de banheiro ou sanitário, além do modo de destinação do lixo pelos moradores.
Os dados são públicos e estão disponíveis até o nível municipal. Para obter esses números, a operação censitária esteve presente em cada um dos domicílios alagoanos. Também é possível fazer recortes por cor ou raça, além de idade.
Tipo de domicílios: maior parte dos alagoanos vive em casas
Seguindo a tendência nacional, a casa (89,6%) é o tipo de habitação predominante entre os moradores de domicílios particulares permanentes ocupados em Alagoas. Cerca de 2,77 milhões de pessoas residem nesse tipo de moradia.
Adicionalmente, o perfil habitacional do estado é composto por “casa de vila ou em condomínio” (4,2%); “apartamento” (6,6%); e “habitação em casa de cômodos ou cortiço” (0,05%).
Na outra ponta, cerca de 0,02% dos moradores de domicílios particulares permanentes alagoanos – 570 pessoas – vive em “estrutura residencial permanente ou inacabada”, categoria que foi incluída pelo Censo 2022 para captar a população em situação de exclusão habitacional extrema. Não há registros de “habitação indígena sem paredes ou maloca” no estado.
Em relação ao Censo 2010, houve aumento expressivo do percentual de moradores de apartamentos, que cresceu de 3,72% para 12,51%. Em contrapartida, a proporção de residentes em domicílios do tipo casa caiu de 93,55% para 84,78%.
Abastecimento de água: acesso à rede geral de distribuição está abaixo da média nacional
Alagoas ocupa o penúltimo lugar do Nordeste e o 21º no país em proporção de moradores de domicílios particulares permanentes que têm acesso ao abastecimento de água pela rede geral de distribuição – ou seja, pelo sistema de canos e tubulações que leva a água das estações de tratamento até os domicílios. No estado, menos de 68% utilizam essa forma como principal fonte de abastecimento. Em contrapartida, a média nacional é de 82%.
Cerca de 15,6% dos moradores utilizam poço profundo ou artesiano como principal forma de abastecimento de água em AL. Poço raso, freático ou cacimba (6,3%); carro-pipa (4,2%); água da chuva armazenada (2,8%) e outros (1,4%) ocupam as demais posições.
Fontes, nascentes ou minas são utilizadas como principal fonte de obtenção de água por aproximadamente 1% dos moradores dos domicílios particulares permanentes; cerca de 27 mil pessoas (0,87%) ainda se abastecem por meio de rios, açudes, córregos, lagos e igarapés.
AL é o terceiro estado no país em proporção de uso de carro-pipa como fonte principal. Lideram o ranking os moradores dos municípios sertanejos de Ouro Branco (56,1%), Belo Monte (47,9%) e Jaramataia (44,5%) – nestes locais, a maioria da população não possui água canalizada.
Canalização: apesar de avanço, mais de 249 mil pessoas ainda não têm água encanada em AL
Apesar da queda expressiva em relação ao Censo 2010, onde 16,3% (quase 505 mil pessoas) não tinham acesso à água encanada, a ausência de canalização no próprio domicílio ainda é a realidade de quase 8% dos moradores alagoanos. O índice é o terceiro maior do NE, atrás de Paraíba (8,8%) e Pernambuco (9,24%), e o quinto do Brasil, que tem média geral de 2,4%.
A falta de encanamento de água é casa é vivida por mais de 249 mil pessoas (7,99%) em todo o estado. Contudo, atualmente mais de 88% dos moradores possui água canalizada até dentro de casa. Além destes, 3,75% possuem água canalizada apenas no terreno.
Ouro Branco (69,6%), Cacimbinhas (68,3%) e Canapi (65,4%) são os municípios campeões em proporção de moradores sem água canalizada. Pilar (99,3%), São Miguel dos Campos (99,2%) e Roteiro (99%) lideram os percentuais de moradores com acesso à canalização no domicílio. A capital Maceió ocupa o sétimo lugar estadual (98,7%).
Esgotamento sanitário: uso de fossas precárias e buracos ainda é predominante entre alagoanos
A situação do esgoto nos domicílios permanentes particulares onde havia banheiro ou sanitário também foi investigada pelo Censo 2022.
Na contramão da média nacional, que aponta para a predominância do uso da rede geral, pluvial, ou fossa ligada à rede (62,51%), a maior parte do esgotamento sanitário em Alagoas continua sendo feita de modo inadequado para as diretrizes do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB).
No estado, a principal forma de esgotamento ainda é feita por “fossa rudimentar ou buraco” (44,15% dos moradores ou mais de 1,37 milhão de pessoas). Nacionalmente, essa média é de 19,4%.
O uso da rede geral, pluvial ou fossa ligada à rede ocupa o segundo lugar no esgotamento sanitário em AL, com proporção de 33,12% dos moradores. Em seguida, há uso da fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede (15,33%), vala (2,47%), ou outra forma (1,46%). Rios, lagos, córregos e mares são utilizados para o esgoto de 2,47% dos moradores desses domicílios – quase 77 mil pessoas.
Murici (86,39%) lidera a proporção de moradores com esgotamento pela rede geral ou pluvial; na outra ponta, Olho D’Água Grande (0,09%) ocupa o último lugar na categoria. A capital Maceió ocupa o 20º lugar entre os 102 municípios alagoanos, agrupando 46,87% dos moradores com acesso à rede.
Coité do Nóia (97,49%) é a cidade que faz mais uso proporcional da modalidade de esgotamento predominante no estado, a fossa precária ou buraco, que por sua vez é utilizada por 0,29% dos moradores de Coqueiro Seco.
Em Pindoba, mais de 44% dos moradores dos domicílios particulares permanentes utilizam como esgotamento sanitário os rios, lagos, córregos ou mares.
Existência de banheiro ou sanitário: 1% ainda não possui qualquer instalação, mas avanços são expressivos desde 2010
Segundo o Censo 2022, mais de 31,5 mil pessoas não possuem banheiro, nem sanitário, em Alagoas. Apesar disso, o cenário apresentou grande avanço no estado desde o último recenseamento. Em 2010, quase 7% dos moradores alagoanos vivia nessas condições precárias, sem acesso à essa estrutura básica; o contingente abarcava um total de 215.411 pessoas.
Atualmente, cerca de 1% dos moradores dos domicílios particulares alagoanos não tem qualquer instalação para dejecções. No município de Senador Rui Palmeira essa proporção chega a 15%. Poço das Trincheiras e Maravilha têm percentuais acima de 10% dos moradores nessa situação.
O cenário geral, contudo, é de predominância do banheiro (cômodo com vaso sanitário e instalações para banho) de uso exclusivo da residência: 95,75% da população alagoana, próximo da média nacional, que é de 97,7%.
Aproximadamente 80 mil pessoas (2,57%) utilizam apenas sanitário ou buraco para dejeções, segunda forma mais frequente no estado, acima apenas daqueles que não tinham banheiro nem sanitário (1%). O banheiro compartilhado com outros domicílios é realidade de 0,67% dos moradores.
Destino do lixo: maior parte dos alagoanos tem coleta, mas queima ainda é muito utilizada
A coleta direta ou indireta de lixo faz parte do cotidiano de cerca de 86,7% dos moradores em domicílios particulares permanentes ocupados em Alagoas. Destes, quase 79% tem o lixo coletado em casa por serviço de limpeza e 7,7% fazem uso de caçamba.
Apesar da cobertura considerável da coleta para a maioria da população, o estado ainda ocupa a 15ª posição no país e está abaixo da média nacional, que é de quase 91%. Contudo, houve crescimento em relação a 2010, onde os índices de coleta alcançavam 78,11% em Alagoas.
Na capital Maceió, sétimo lugar do ranking, mais de 97,6% dos moradores têm o lixo coletado. O melhor índice de Alagoas está em Satuba, onde 99% da população em domicílios particulares permanentes ocupados tem o lixo recolhido direta ou indiretamente.
O segundo método mais utilizado pelos moradores na destinação dos resíduos sólidos é a queima do lixo dentro da propriedade, que tende a aumentar quando há menor cobertura da coleta domiciliar ou por caçamba. A cidade de Mata Grande, que possui menor percentual proporcional de coleta (35%), é também a localidade campeã em lixo queimado na propriedade (62,7% dos moradores).
Em todo o estado, mais de 356 mil alagoanos ainda queimam lixo, concentrados nas regiões do sertão e agreste alagoano. A destinação do lixo em terrenos baldios, encostas e áreas públicas ainda é a realidade de 47 mil moradores; proporcionalmente, Novo Lino (11,4%) é o município onde a população mais faz uso desse método.
Como acessar os dados
Os dados inéditos divulgados pelo IBGE podem ser visualizados na Plataforma Geográfica Interativa (PGI), CLICANDO AQUI.