Representantes de secretarias de diversos órgãos públicos do Estado estiveram reunidos, na manhã desta segunda-feira (8), na Sala dos Conselhos, no Palácio República dos Palmares, com lideranças do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Campo (MTC). O encontro foi presidido pelo secretário de Articulação Social (Seas), Claudionor Araújo, que, em nome do governador Teotonio Vilela, agradeceu a confiança depositada no Governo.
Isso porque, no dia 20 de março último, cerca de 7 mil pessoas de 1.500 famílias de sete municípios do Agreste seguiram em marcha até a sede da Governadoria do Estado, em Arapiraca, com uma pauta de reivindicações que incluíam principalmente itens relacionados aos problemas causados pela estiagem que castiga a região do Semiárido.
O secretário Claudionor Araújo foi convocado pelo Governo para conversar com os agricultores em Arapiraca e, após assumir o compromisso de que todas as reivindicações seriam analisadas e em seguida discutidas com os responsáveis pelas áreas e os trabalhadores, o grupo retornou para suas cidades na certeza de que seria atendido. E assim foi. Nesta manhã, eles puderam discutir item a item cada uma das reivindicações.
“Ficamos 50% satisfeitos, porque conseguimos mostrar as nossas necessidades e esperamos que a pauta seja cumprida, já que o Estado está se comprometendo em fazer. Queremos uma maior articulação com os prefeitos por meio da AMA (Associação dos Municípios Alagoanos)”, disse Adriano Ferreira, coordenador do MTC. Ele reclama da burocracia que dificulta a entrega da ração para os animais que, segundo afirma, poderia ser distribuída diretamente ao movimento e daí às famílias, mas atualmente é feita para as prefeituras e essas se encarregam da entrega.
Outra preocupação dos agricultores é com a distribuição de cestas básicas, um dos maiores problemas, segundo eles, nesta época de seca prolongada, que já é considerada a maior dos últimos anos. Os trabalhadores reclamam da falta de distribuição de cestas básicas, mas foram informados que isso ocorre, segundo o governo federal, porque eles já estão incluídos no Programa Bolsa Estiagem.
O Governo do Estado fará um requerimento dos movimentos que pedem a inclusão no recebimento de cestas e encaminhará a Brasília, para que o processo possa ser analisado e agilizado. Para tanto, ficou agendada uma outra reunião com o grupo e a Secretaria de Agricultura.
Os trabalhadores consideram essa uma ação emergencial “para que se possa evitar saques”, afirmou o líder do MTC, Adriano Ferreira. Ele entende que “a situação dos trabalhadores é insustentável”, mas o secretário Claudionor Araújo tranquilizou o grupo e disse que o Governo não permitirá que o problema chegue a tal ponto. “Gostaria de destacar, mais uma vez, a convivência, o interesse, o entrosamento e a participação do governador Teotonio Vilela Filho em relação aos trabalhadores do campo”, disse.
E destacou o secretário: “Ao assumir o comando de Alagoas em 2007, Teotonio Vilela encontrou o Estado falido e, com muita determinação, trabalhando para mudar a situação, vem mostrando que quando um Governo tem disposição, consegue reverter números como ele conseguiu. Nenhum Governo até hoje na história de Alagoas teve uma participação tão expressiva como tem Teotonio Vilela em relação aos movimentos agrários. Deixo claro aqui, que qualquer ponto que não tenha sido relacionado nessa reunião, vocês podem me procurar porque, como bem afirma o governador, palavra é para ser cumprida. Esperamos confiantes que essa seca não se prolongue por muito tempo”, ressaltou.
O representante da Casal, Jorge Briseno também fez uma longa explanação sobre a situação do abastecimento de água por meio de carros pipas, os valores gastos pelo Governo para amenizar o problema da região e a preocupação em relação aos açudes e barragens que, sem chuva, têm secado de forma preocupante. Disse que nove barragens já foram perdidas por conta da estiagem e citou o caso da Caranguejeira, que abastece um dos maiores municípios do Estado, Palmeira dos Índios. Falou que a seca já chegou até mesmo à região do Catolé.
“É, sem dúvida, uma das piores secas desde 1970 e as perspectivas, infelizmente, são terríveis”, disse. Segundo ele, o Governo trabalha com 280, carros pipa, sendo 210 do Exército, em 960 comunidades, levando água a 270 mil alagoanos. “É um volume de 1 bilhão de litros de água fornecida. Isso é muito grave. A Casal é uma empresa, como um supermercado, ainda assim é a única empresa que está atuando no semiárido alagoano, deixando de arrecadar algo em torno de R$ 3,5 milhões com a comercialização de água, para abastecer os carros pipa e amenizar a situação dos sertanejos”, ressaltou.
Os integrantes do MTC pediram ainda para serem liberados para fazer o transporte lotação nos municípios da região, o que segundo eles está proibido, ficando apenas a cargo da Cooperativa dos Transportadores Alternativos de Alagoas. A proibição, dizem, agrava o problema para a classe, que pretende ainda ser reconhecida enquanto movimento agrário. Os integrantes do MTC pertencem aos municípios de Cacimbinhas, Igaci, Girau do Ponciano, Major Isidoro, Batalha, Dois Riachos e Olivença.
Por Assessoria