Em Taquarana: Quilombo Mameluco Celebra o VII Encontro Mamelucando Saber é no Quilombo: as atividades celebraram a cultura, sabedoria e ancestralidade quilombola.

Gabriela Luz com Manuela Callou / Assessoria Keka Rabelo

27 set 2023 - 08:30


Foto: Assessoria

Alagoas, estado notoriamente rico em diversidade cultural, é lar de 76 comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Cultural Palmares (FCP). Dentre todas, o Quilombo Mameluco, situado na serena zona rural de Taquarana, destacou-se por suas vibrantes atividades culturais e forte integração comunitária.

Sob a inspiradora liderança de José Ferreira Santana, mais conhecido como Zé Duda, seis encontros já haviam ecoado positivamente entre os membros da comunidade. No último 23 de setembro, o VII Encontro Mamelucando foi realizado, trazendo um dia especial de celebração e aprendizado.

Juliana Aráujo, da produção do evento, afirmou: “Este evento foi de extrema importância para dar maior visibilidade à comunidade Quilombola Mameluco, englobando um grande número de pessoas de várias culturas diferentes em um mesmo ambiente.”

Foto: Assessoria

No dia 22 de setembro, as atividades começaram com uma roda de conversa guiada pelo Dr. Leonardo Siqueira, doutor em antropologia social pela USP e professor de sociologia no IFAL- Santana do Ipanema. A culinária local foi reverenciada com a tradicional torra de café de andu, conduzida pelas mestras Vaninha e Dinete. À tarde, a mandioca foi o foco em uma cerimônia que destacou sua resiliência simbólica durante a farinhada quilombola. O dia contou com apresentações culturais dos alunos da Escola Edgar Tenório de Lima e a noite foi embalada pelo ritmo contagiante do forró de sanfona do sanfoneiro Luiz Chico.

No dia seguinte, a programação ofereceu oficinas educativas destinadas a professores, ministradas pelos estudantes de Ciências Biológicas do Ifal Maceió, incluindo a Oficina Gastronomia Quilombola: Café de andu e Quebra Queixo Quilombola com Mestra Vaninha. O 4° Encontro das Mulheres Quilombolas de Alagoas, liderado pelas Dandaras, foi um dos destaques. As danças tradicionais das guerreiras do Quilombo Lunga, formado por mulheres na melhor idade (50+), surpreenderam e encantaram o evento. A noite foi finalizada como as danças religiosas do Palácio de Oxum e de Ogum, um momento cativante para a comunidade que se entregou a celebração da rica tapeçaria de crenças e tradições dos quilombos Lunga e Mameluca.

A Professora Danielle Barbosa, do Ifal Maceió, destacou: “Trouxemos uma oficina de herbários etnobotânicos, que é uma espécie de arquivo de plantas típicas da comunidade. Essa atividade ajuda a conservar saberes tradicionais sobre as plantas, fortalecendo a conexão entre comunidades e instituições acadêmicas.”

Mestra Vaninha, que é uma personalidade histórica de resistência do Quilombo, marcou presença nos sete encontros com suas oficinas. Ela compartilhou suas experiências: “O ensino foi ainda melhor este ano. Tivemos a participação ativa dos estudantes do IFAL de Maceió. Todo mundo se uniu para fazer o quebra-queixo, e isso me deixou muito feliz.”

 

A celebração também prestou uma homenagem especial a Zé Máximo Filho, membro da Associação Remanescente de Quilombo Mameluco. Zé Máximo, que infelizmente nos deixou recentemente, era notoriamente ativo e desempenhava um papel crucial na organização e produção dos eventos da comunidade. Além disso, o Quilombo Mameluco inaugurou o Novo Espaço Cultural Antonia Rosa Pereira, ampliando o compromisso com a cultura e a ancestralidade quilombola.

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