O dia que atendi um caso de Covid19
20 março 2020
Quando comecei a escrever este texto, há uns dias, tinha atendido apenas o primeiro caso suspeito. E desde então, já foram alguns casos suspeitos. No início, ainda se era ofertada testes pela vigilância epidemiológicas para confirmar os casos.
Mas, o foco neste não é discorrer mais sobre a situação que tem se evidenciado no mundo. E sim, avaliar a situação sobre outras perspectivas que notei um elo associando um caso a outro. Sendo a primeira perspectiva, a social: não entrarei em detalhes sobre os casos suspeitos por motivos óbvios. Mas posso relatar algumas coisas.
Atendi pacientes que apresentavam sinais e sintomas há dias e não tinham buscado atendimento antes por medo de perder o emprego se apresentassem um atestado de 14 dias.
– “Doutora, eu tenho filho pra criar, conta pra pagar!”, falou o paciente entre tosses.
– “Sim, e você colocou sua própria família em risco!”, a resposta que teve.
Colegas da equipe, médicos e enfermeiras, esbravejam para mim suas indignações com a imprudência desse caso e de outros parecidos. Isso me fez pensar que os pacientes estão errados na atitude, porém, certos no argumento. Porque tudo que é ruim numa sociedade, sempre será pior para o pobre.
Do ponto de vista econômico, os setores estão passando por dificuldades e a previsão é de piora. E isso vai de encontro à perspectiva social. Pois, coloca em jogo o empresário de médio e pequeno porte, que sem vender e sem sua mão obra, corre grave risco de falência. Esses, diferente dos grandes, não receberão subsídios ou medidas de ajuda dos governos.
A indústria farmacêutica é uma das que se encaixam nesses grandes. Diversos laboratórios estão em regime intenso de serviço e pesquisa em busca da fórmula que pode propor uma cura ou tratamento. A fórmula bilionária.
Fato é que se está evidenciando uma verdadeira pandemia, o prognóstico é de aumento nos números de casos e o mais correto que se pode fazer é seguir as orientações das autoridades como a OMS e Ministério da Saúde.
NOTA EXPLICATIVA: Erickson é natural de Santana do Ipanema, mas atualmente reside e trabalha na cidade de Curitiba, no Paraná.