O Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal) convocou a imprensa na manhã desta quarta-feira (20) para denunciar uma série de irregularidades na saúde pública do Estado, entre elas a situação de 45 hospitais localizados no interior, que estão parados enquanto o Hospital Geral do Estado (HGE) segue superlotado em Maceió.
Segundo o presidente do Cremal, Fernando Pedrosa, a situação da saúde pública de Alagoas é gravíssima, citando que na área vermelha do HGE, por exemplo, que deveria comportar apenas oito pacientes, encontram-se hoje mais de 40 deles.
“O HGE tem o peito aberto e acaba recebendo todos. Estamos em crise na classe médica alagoana, por isso estamos unidos com o Sindicato dos Médicos e o povo também deve estar acompanhando de perto esse descaso do governo, que não tem interesse em regularizar a situação da saúde no Estado”, mencionou Pedrosa.
“A categoria tem lutado sozinha. O médico é o primeiro a ser acusado pela população quando faz greve, mas ele é tão vítima quanto o povo. A classe está no meio de um fogo cruzado, com salários defasados, falta de estrutura para exercer seu trabalho, entre outras situações”, acrescentou.
Pedrosa ressaltou que o Conselho de Medicina está debruçado na elaboração de um relatório do qual deverá detalhar a situação dos dois grandes hospitais públicos de Alagoas, o HGE, em Maceió, e o de Traumas, em Arapiraca. Posteriormente, o Conselho pretende formalizar uma denúncia no Ministério Público Estadual (MPE).
O presidente do Cremal defendeu a implantação das UPAs – Unidade de Pronto Atendimento – em Alagoas, como já existe na cidade de Viçosa, referência em urgência e emergência no Vale do Paraíba e que atende mais de 130 mil habitantes na região. A UPA foi construída com recursos do governo federal, na ordem de R$ 3,1 milhões, e contrapartida do Governo de Alagoas.
“A UPA de Palmeira dos Índios está pronta, mas o município diz não ter condições de arcar com as despesas que giram em torno de R$ 200 mil por mês”, declarou.
Categoria envelhecida
Durante a entrevista, Fernando Pedrosa destacou que a população médica de Alagoas encontra-se envelhecida, com faixa etária média de 49 anos. “Infelizmente, os jovens estão se formando e poucos continuam no Estado, justamente por outros estados como Pernambuco e Bahia pagarem melhores salários, oferecerem qualidade de trabalho e mais oportunidades para a categoria”.
Conforme alegou o presidente do Cremal, Alagoas tem quase quatro mil médicos, sendo 94,11% concentrados na cidade de Maceió. “O muro vai caindo lentamente. São pouquíssimos que continuam por aqui, porque se paga mal e não há evolução”, comentou Pedrosa.
Ele acredita que a abertura de escolas de medicina em Alagoas seja uma das alternativas para melhor a saúde pública do Estado. “É notório que não existe uma política voltada para a saúde, como concursos para o Sistema Único de Saúde (SUS) para áreas mais remotas, plano de cargo e carreira”, observou. “Percebe-se também que os médicos que estão no interior são vítimas, isto é, instrumentos de política eleitoral e não de uma política de saúde”.
Sobre a greve dos médicos estaduais, o presidente do Cremal enfatizou que os serviços de urgência e emergência estão sendo garantidos para a população, com os ambulatórios abertos, porém sem médicos.
Por Tribuna Hoje