Em uma entrevista de quase uma hora, o técnico Luiz Felipe Scolari só perdeu o bom humor no final do encontro realizado no Estádio do Wembley, local do confronto desta quarta-feira contra a Inglaterra. O motivo: uma pergunta de um jornalista inglês sobre uma possível surpresa pela volta à Seleção Brasileira em um momento teoricamente de baixa na sua carreira.
Felipão respondeu com firmeza a tentou valorizar seus últimos trabalhos, principalmente no Chelsea, em 2008 e 2009, e no Palmeiras, em 2011 e 2012. O treinador deixou o time inglês depois de ter problemas de relacionamento com alguns dos jogadores veteranos como John Terry e Didier Drogba .
“Quando eu estava aqui o Chelsea estava classificado para a Champions, era terceiro colocado na Premier League e estava classificado na FA Cup. Não tenho problema nenhum em dizer que tive um trabalho razoavelmente bom. Meus problemas com o Chelsea eram outros”, disse Felipão, que depois emendou na sua defesa do que fez no Palmeiras.
“O Palmeiras não ganhava nada há 10 anos e ganhou uma Copa do Brasil. Portanto, não sei porque não mereceria outra chance na seleção. O trabalho é razoavelmente bem feito desde o Chelsea até o Palmeiras”, disse o técnico, que viveu seu auge com o pentacampeonato em 2002 quando ainda era celebrado pelos bons trabalhos no Grêmio e no Palmeiras na década de 90.
Desde a saída da Seleção Brasileira, Felipão trilhou um caminho internacional na carreira, dirigindo Portugal e 2003 a 2008. Levou o país ao vice-campeonato europeu e ao quarto lugar da Copa de 2006. Seu nome chegou a ser cogitado como técnico da Inglaterra, mas deu sequência à internacionalização com uma passagem pelo Chelsea.
Não completou a temporada, mas se defende da demissão com os números apresentados na entrevista. Prosseguiu a carreira no Bunyodkor, do Uzbequistão, trabalho que também valorizou. “Fui campeão invicto em um país próximo de jogar sua primeira Copa”, disse.
Mas o trabalho que mais marcou Felipão nos últimos anos teve um alto e muitos baixos. A saída do Palmeiras no final de 2012, com um título da Copa do Brasil, mas com um já iminente risco de queda para a Série B do Brasileiro, foi lembrada em críticas quanto à escolha do técnico para substituir Mano Menezes.
Volta à Inglaterra
Muito assediado por jornalistas ingleses, Felipão mostrou-se político quando questionado sobre a possibilidade de um dia treinar a Inglaterra. A recusa após a Copa de 2006 ocorreu por conta de um contrato em vigência com a Federação Portuguesa.
“Dói, porque eu gostaria de treinar uma seleção como a Inglaterra. Teria feito um bom trabalho aqui, mas era o momento de não aceitar. Mas eu desejo e quero que os jogadores e o técnico da Inglaterra façam uma renovação de seu trabalho porque tenho um sentimento por ter trabalhado aqui. E quem sabe um dia eu não volte a trabalhar na Inglaterra ou na seleção da Inglaterra. O mundo dá tantas voltas”, disse.
Por Terra