“Comunidade acolhedora”. É assim que o governo de Alagoas trata instituições que se propõe a trata de dependentes químicos ou pessoas em situação de risco social, oriundas de “famílias desestruturadas”.
Na administração pública elas não existiam até 2009, ano em que foi criada a Sepaz (Secretaria de Promoção da Paz), por sugestão do deputado federal Givaldo Carimbão, PSB-AL.
O deputado não apenas sugeriu, como indicou o secretário da Pasta, Jardel Aderico e outros gestores da pasta. Pelos documentos e discursos disponíveis na internet, Carimbão é também uma espécie de “orientador” da Sepaz, que aplica as políticas de combate a drogas sugeridas por ele.
Uma dessas políticas é encaminhar jovens dependentes químicos para Comunidades Acolhedoras. Essas “casas” já existiam antes, mas só foram “descobertas” pelo estado a partir da criação da Sepaz. A Secretaria passou a destinar dinheiro para as ONGs ou instituições que controlam as comunidades, geralmente de orientação religiosa e predominantemente católicas.
Kerygma, a campeã
Talvez por isso seja mera coincidência que a Comunidade Acolhedora Kerygma, que funciona na Cidade de Maria, receba o maior volume de verbas da Sepaz.
A Cidade de Maria como se sabe é um projeto do deputado federal Carimbão. A comunidade Keryma seria ligada a Diocese de Penedo, mas funciona em área cedida na fazenda que abriga a Cidade de Maria.
Nos últimos três anos essa comunidade recebeu R$ 1,28 milhão da Sepaz. O maior aporte de vebas, como mostra a tabela feita com dados do Portal da Transparência Ruth Cardoso foi em 2012, com mais de R$ 500 mil.
Várias outras comunidades que receberam recursos públicos nos últimos dois anos são ligadas a Igreja Católica ou a igrejas evangélicas. Mas o valor destinado a Kerygma é com certeza e longe, o maior entre todas as outras comunidades acolhedoras.
Esses recursos são livres de concorrência e, até onde consta, passam por nenhuma prestação de contras, embora os recursos sejam públicos.
Amanhã mostro a relação completa das comunidade que recebem dinheiro do governo.
Origem dos recursos
Os recursos são pagos pelo Projeto Acolhe Alagoas, uma das principais atividades da Sepaz, de acordo com a Assessoria de Comunicação da Secretaria.
As comunidades acolhem pessoas que são encaminhadas pela Secretaria. No final, claro quem paga a conta, é o contribuinte.
Deixo aqui novas perguntas para a Ascom da Sepaz: existe alguma ligação entre a secretaria e o deputado Givaldo Carimbão? Quanto o estado paga pelo tratamento de cada pessoa internada nas comunidades acolhedoras? E, por fim, qual a taxa de sucesso desses tratamentos?
Gazetaweb